Tuesday, September 22, 2015

Mulheres poderosas como Gwyneth Paltrow e Jessica Alba ganham ...

Mulheres poderosas como Gwyneth Paltrow e Jessica Alba ganham dinheiro vendendo produtos para casa

Jessica Alba e Gwyneth Paltrow – AFP / Reuters

 É difícil imaginar que Amélia, a musa do samba de Mário Lago e de tantos carnavais, não tinha mesmo a menor vaidade e achava bonito não ter o que comer. Ela, muito provavelmente, preferia trancar sua desilusão, como, aliás, muitas mulheres costumavam fazer em tempos menos favoráveis à opinião e aos desejos femininos. Já nos dias de hoje, elas reúnem em si os outrora contraditórios versos do compositor: fazem exigência e pensam em luxo e riqueza, ao mesmo tempo em que sabem tudo sobre os cuidados com a casa e com a família. E há aquelas que constroem fortunas assim.

 

Não falo de Martha Stewart e seus genéricos, do tipo senhorinhas com programas de culinária num canal obscuro da TV, mas sim de atrizes bem-sucedidas, algumas com um Oscar decorando a lareira, que agora ensinam o mundo a ter uma vida doméstica com estilo. Essa segunda carreira, que em geral começa na internet, desdobra-se em e-commerce, livros e, é claro, em milhões de dólares. São as Amélias modernas, que ficam à vontade na cozinha com um tailleur Chanel.

 

Gwyneth Paltrow, 42 anos, foi a pioneira. Em 2008, a atriz lançou o site Goop, em que dá dicas de bem viver, sugerindo de receitas saudáveis ao melhor adubo para o jardim de casa. Foi saudada como a rainha do lifestyle do século XXI: linda, chique, cool e adepta dos orgânicos (aliás, é um detalhe fundamental). Na newsletter semanal do site (são mais de 1 milhão de assinantes), ela escreve coisas como “Eu gostaria de continuar a comer massa e queijo, mas escolhendo melhor os ingredientes. Perguntei ao meu amigo Dr. Frank Lipman sobre os superalimentos que poderia incorporar à minha dieta.” Mas o pioneirismo de GP (é assim que ela assina seus textos; intimidade com o leitor/consumidor é tudo) foi apenas uma “experiência piloto” perto do que vemos agora.

 

Jessica Alba, 34, acaba de ser capa da revista “Forbes” dedicada às 50 mulheres que construíram as próprias fortunas, as “self-made women” dos Estados Unidos. Em 2012, a atriz criou o e-commerce Honest (honest.com), inicialmente para vender fraldas produzidas com matéria-prima orgânica e biodegradável, mas que hoje (ela tem US$ 200 milhões da marca avaliada em US$ 1 bilhão) oferece de sabão a maquiagem (“Usamos algodão orgânico, polímeros vegetais e um aplicador de plástico biodegradável”, declarou ela sobre o mais recente lançamento da marca, um absorvente interno). Tudo feito como manda o figurino ecologicamente e politicamente correto (pudera: além de ter uma empresa chamada Honest, Jessica batizou a filha mais velha de Honor…).

 

Reese Whitherspoon no Globo de Ouro 2015 – MARIO ANZUONI / REUTERS

Reese Whitherspoon, 39, lançou este ano o site Draper James, disposta a vender o estilo do sul dos Estados Unidos, sua região de origem (ela cresceu em Nashville, no Tennessee). De entrevistas com chefs locais ao comércio de utensílios domésticos, está tudo lá. “Meus avós me ensinaram sobre o estilo gracioso do sul. Com eles, eu aprendi a me vestir e agir como uma dama, orgulhar-me da minha casa, ajudar os vizinhos, e a receber,” escreveu a atriz no site.

 

A família costuma ser fonte de inspiração para as empreendedoras superstars.Depois de lançar o site Preserve há um ano, Blake Lively, 28, afirmou ser “uma mulher para quem a família é a coisa mais importante da vida”. Ela própria faz a curadoria do trabalho de artesãos americanos cujos produtos são comercializados on-line.Blake quer divulgar pequenos criadores, como a papelaria Blackbird Letterpress, de Baton Rouge, cujos cartões ela vende. Sim, o cultivo de velhos hábitos, como escrever cartões à mão, está na moda.

 

Blake Lively – Evan Agostini/Invision/AP

Até mesmo as irmãs Kardashian, atual parâmetro máximo da massificação de qualquer tendência, têm um quê de rainhas do lar, com uma linha de moda infantil à venda na Babies“R”Us e na Nordstrom. A última coleção para meninos, acreditem, foi inspirada no príncipe George. O que será que a rainha Elizabeth II pensaria disso?

 

NA COZINHA COM ESTILO

 

Qualquer pessoa com mais de 20 anos lembra que no ápice da moda, num passado não tão distante, estrelas do cinema e da música lançavam coleções de roupas e acessórios em associação com marcas famosas ou até mesmo criavam linhas próprias. Madonna já fez isso. Agora é a vez de pegar carona no boom que a gastronomia e a decoração têm vivido no mundo inteiro.

 

Como o foco saiu da passarela para o fogão, faz sentido pensar numa estratégia de valorização da própria marca.

 

— Todos nós somos multitarefa, das mulheres é exigido que sejam heroínas. As atrizes de Hollywood fogem do padrão dona de casa. Essa pode ser a maneira que encontraram de mostrar algo que normalmente elas não têm chance de expor, agregando valor às suas marcas — explica a consultora e professora da FGV, especialista em branding, Vera Waissman.

 

Nos consultórios de psicanálise, a volta à família (ou ao lar, como preferirem) tem sido uma questão cada vez mais debatida, como conta a psicanalista Mônica Donetto Guedes:

 

— Os jovens falavam mais de noitadas e pegação. Mas, hoje, eles querem namorar, cozinhar, receber os amigos. É uma tendência — diz Monica, para quem a atitude de Gwyneth Paltrow e companhia tem muito a ver com a possibilidade de escolhas. — As mulheres sabem que já ocupam um lugar no mundo. Elas trabalham e ganham o próprio dinheiro. Então, sentem-se seguras para fazer essa volta à casa. É o retorno a um lugar agradável, mas, desta vez, isso não é uma obrigação ou uma ameaça. É um lugar legítimo, sem submissão. Elas escolhem ocupá-lo.

 

E fazem isso com estilo. Lagerfeld, sempre antenado, desenhou aventais de couro para o inverno 2015/2016 da Fendi.

 

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